29 novembro, 2010

29.11.2010

Enem: o que fazer? 

Aluizio Guimarães e Aline Brandão (*)

Observar as características transdisciplinares das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos revela uma importante e plausível ferramenta de avaliação. Acreditamos que este instrumento, assim como tantos outros que já foram utilizados no decorrer da história da educação em nosso País, tem suas falhas e, consequentemente, está sujeito a retoques e reformas.

Em um país de dimensão continental como o nosso e de uma pluralidade cultural bem maior que sua dimensão geográfica, elaborar uma avaliação genérica, com possibilidades iguais de interpretação, independente da região em que o público alvo esteja inserido, traz ao Enem uma intangível missão: o da isonomia. Pois, por se tratar de uma avaliação elaborada por um conjunto de professores dos mais diversos cantos do Brasil, torna essa empreitada impossível, visto que não podemos deixar de levar em conta a questão da culturalidade intrinsecamente embutida nas entrelinhas deste processo de avaliação.

Ainda que a questão da culturalidade fosse solucionada, o repetido fenômeno da falta de organização e gestão no processo de produção e distribuição das provas do Enem vem contribuindo paulatinamente para o seu descrédito. É um absurdo o que se assistiu nos dois últimos anos. Os escândalos se alternam a desculpas nada técnicas ou a posicionamentos muito mais políticos do que profissionais.

Muitos são os que procuram a solução e milhares são os que são afligidos por um já desgastado processo de avaliação que aparentemente não se avalia e, se assim o faz, não consegue encontrar uma solução. Diante disso, acreditamos que caminhamos para a fase de descrédito, ou seja, o começo do fim do Enem. A não ser que o Ministério da Educação entenda que em um País com o nosso tamanho temos que regionalizar as estratégias, respeitar a probabilidade do surgimento de erro e observar a importância da segurança.

O Brasil muito deveria se orgulhar de sua Casa da Moeda, estatal encarregada de fabricar dinheiro e moedas para todo este continental País. De lá, nunca ouvimos que houve desvio, roubo ou alguma falha nos seus processos e procedimentos. Por que não mandar rodar as provas do Enem na Casa da Moeda? Por que terceirizar algo tão importante para o nosso País? Por que não regionalizar as conteudisticamente parte das provas?

Esperamos que o próximo governo resgate o respeito aos alunos que estressados e com muita expectativa saem de suas casas para se deparar com o desacreditado Exame Nacional do Ensino Médio, que conota o quanto ainda temos que crescer na educação: da teoria a sua práxis!

(*) Aluízio Guimarães é diretor de relacionamento e desenvolvimento e Aline Brandão é diretora acadêmica da Favip.

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